Entre 2009 e 2015 trabalhei nesta série de desenhos e pinturas que intitulei de "BIOMETRIAS". A primeira exposição com obras desta série foi no Centro Cultural da Malaposta em 2011. Foram composições baseadas em formas que se aproximavam ou inspiravam nas formas mais pequenas de tudo o que é vivo, a célula, e no mundo não visivel e aberto à imaginação. Foram sendo apresentados outros resultados deste percurso em exposições coletiva e duas individuais até 2017.
"Uma exposição com o título,
BIOMETRIAS, poderá levar a pensar tratar-se de algo relacionado com o mundo
forense. Medir a vida, nas suas mais extraordinárias maneiras, de a auscultar,
envolveria muitos especialistas. E só assim se poderia apresentar um resultado
dessa medição.
Mas não. Esta exposição é de um
só. Um só que trata a matéria e o material com utensílios manuseáveis. E com
fantasias construídas a partir de matérias modificadas em material. Um só que
se propõe medir o que é imensurável: os muitos modos de sentir.
As cores que Eduardo Abrantes vem
apresentando, ao longo do tempo, são inconfundíveis. Quando no seu trabalho se
vê: um azul; um vermelho; um amarelo; um preto ou um branco (e todas as suas
combinações) sente-se que têm um brilho e uma profundidade muito invulgares.
O modo de trazer as formas ao
encontro do observador (e nesse jogo de enredar aquele que faz e o que efabula ao
observar e ver) também propõe uma maneira diversa de nos relacionarmos com as
suas matérias.
Na pintura e no desenho, de
Eduardo Abrantes, as formas aparentam ter uma aura. Há como que uma alma nas
coisas representadas. Apresenta a matéria como a coisa mais ínfima. A coisa não
visível versus a coisa vista. As formas electrizantes, que tanto são manchas de
cor como objectos dissolvidos no universo real do irreal, encafuam a matéria, o
que leva a fantasiar que estamos perante uma nova disciplina de medição a que
daríamos o nome de Formametria.
Outra constante no trabalho de
Eduardo Abrantes é o de se sentir as suas obras por pedaços. Queremos com isto
dizer que nelas encontramos pedaços abstractos a conviverem com pedaços
realistas sem que se anulem um ao outro. Tudo isto em harmonia. Cromática e
formal. Há como que um pulsar destes aspectos virginalmente opostos mas que aqui
se completam. Vislumbra-se, também, a síntese dos diferentes momentos da
pintura. Há ainda, nestas obras, a representação do orgânico e do inorgânico. A
coisa viva e a coisa produzida. Construída. Há, por fim, a consciência de que
tudo o que se fixa num suporte, com o tempo, venha a ser transformável. O que
nos leva a pensar que este trabalho de Eduardo Abrantes poderá, um dia, vir a
ser classificado por Biofantasia. "
Amadora,
Dezembro de 2011
José Mourão
DESENHO
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PINTURA
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